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O velório ( contos )

O velório ( contos )

Chegou ao fim à vida do sujeito, foi assim de repente. Sem mais nem menos sentiu uma dorzinha no peito. Foi infarto segundo o doutor. Só teve tempo mesmo de balbuciar suas ultimas palavras, estas dirigidas á patroa: morro, mas deixo vida boa aos pequenos. Fechando seus olhos pela ultima vez a viúva fez os preparativos do velório, o corre-corre habitual nessas ocasiões. Sua tristeza aparente só tinha uma razão de ser, pois ela não cansava de dizer.. Esse Gregório não presta, também sempre foi um bosta mesmo, parece que faz de propósito, pois infernizar minha vida é o que ele mais gosta. Não é que agora ele morre na véspera da minha festa anual. . A madame já tinha tudo preparado, tudo produto importado, champanhe francesa, caviar, patê, tudo o que ia ser colocado á mesa veio de fora, até o salame. Sorte a minha que morreu esse animal, ao menos agora fico livre desse infame. Vou celebrar sua morte, assim aproveito os ingredientes da festa, isto e tudo o que me resta. Se não gostar ele que reclame com o capeta, afinal agora eles vão estar sempre juntos mesmo. Temos que reconhecer que ela tem lá seu motivo, afinal o cidadão quando vivo foi de morte. Não ficou rico á toa nem por sorte, foi por suas falcatruas. Um numero incontável de pessoas enganadas por ele, hoje estão sem lar morando nas ruas. Fazia de tudo para amealhar dinheiro, enganava desde o mais rico até o mais humilde assim como fez com Matilde, mulher de um simples pedreiro. No escritório de luxo que mantinha no centro vinha gente de toda estirpe á procura de conselhos financeiros, pois era uma espécie de consultor monetário o gorducho, mas todos eram enganados pelo recém falecido Gregório. A festa promovida foi chique, talvez o velório mais badalado do cenário nacional. A viúva que também é uma tremenda cara de pau estava uma gata, dava gosto vê-la dentro daquela roupa. Um vestido daqueles não se encontra á venda, é confecção exclusiva. Para não borrar a maquiagem ela nem fingia chilique. Os convidados então nem se fala, os homens de paletó e gravata e as mulheres todas de chapéu cobrindo o rosto com um véu e usando blusa de renda comiam, bebiam, dançavam, mas nunca iam até a salinha ao lado. É que lá estava exposto o caixão. Madeira pura, madeira de lei, talvez jacarandá ou mogno não saiba ao certo, pois também não cheguei nem perto. O fato é que ali se encontrava Gregório. Todo arrumado e coberto de flores o finado parecia um rei. No fundo fiquei com dó do coitado, pois tanta gente se arruinou, foram tantas as pessoas que ele roubou só para construir fortuna enquanto esteve sobre a terra, tudo para andar de carro moderno, para ter casa na praia onde ele possuía até uma escuna só para passeios no mar com amigos. Agora seu corpo vai apodrecer debaixo da terra como qualquer mortal, servindo de alimento para as minhocas e sua alma, esta para pagar todo o mal que ele fez vai queimar no inferno. Quanto à viúva que não derrubou nenhuma lágrima, nem se quer fingiu o pranto, esta por enquanto vai permanecer aqui no mundo dos vivos. Mas como ninguém é santo e, além disso, ainda não esta em seus planos morrer ela vai gastar a fortuna do falecido em busca se novos amores